Hoje todas avós, eram jovens debutantes então. Compunham a frente que agrupava a representação do Bairro de São Sebastião, num cortejo onde ainda se incorporavam representações da Praça, do Adro e da Vila.
Eis os seus nomes, desprovidos, na altura, dos respeitosos epítetos que mais tarde viriam a tomar de Senhora Dona ou de Senhora Doutora: Judite, Ercília, Zaida, Lúcia e Dalila.
Como me dizia uma delas “parece mentira, mas já lá vão mais de cinquenta anos…”.
Vila Cova tinha, ao tempo e relativamente aos dias de hoje, o triplo da população. A receita do cortejo haveria de reverter a favor de melhoramentos na terra. Cada Bairro engalanava um carro de bois e em panos estendidos eram pregadas notas (dinheiro), ofertadas pela população.
Eram tempos, sem dúvida, de grande fervor regionalista. Não que hoje se tenha dissipado, de todo, o que podemos definir de “sentimento vilacovense”. Mas, há que admitir, nada se compara à devoção daqueles tempos.
As espontâneas organizações populares foram substituídas pelo estatuído poder local. O drama, focalizado ao nível da freguesia de pequena dimensão, é a lógica de partidarismo enviesado que acaba por ocorrer. Impera a “fulanização”, quantas vezes oportunista, mentora de divisões da colectividade e envolta em interesses de índole pessoal.
Querem melhor? Ainda faltam mais de dois meses para as “autárquicas” e eis que já se sente um invólucro de crispação.
Nuno Espinal