Tempos havia em que a “malta estudante” permanecia até ao fim de Setembro em Vila Cova. As férias grandes, como eram chamadas, ultrapassavam a duração de três meses, iniciando-se após o 10 de Junho e terminando com o começo das aulas em Outubro, ainda que os anos de exame pudessem absorver os alunos até meados de Julho. Com esta tão prolongada presença, Vila Cova ganhava outra animação durante praticamente todo o Verão, ao contrário do que sucede hoje, em que só em Agosto a população tem sido “engordada” por um número expressivo de visitantes.
Ainda assim de ano para ano têm aumentado as presenças dos que veraneiam durante Agosto em Vila Cova, tendo 2009, neste mês de excelência do Verão, registado um número de visitas que excedeu, em muito, os ocorridos em anos anteriores.
É bom que assim seja, para a própria presunção de que Vila Cova merece ser investida. O turismo tem sido uma, senão a mais referenciada, grande bandeira dos candidatos autárquicos para a dinamização económica do concelho. Fazem-se planos, aposta-se neste ou naquele empreendimento. Quase tudo para a vila e pela vila de Arganil, diga-se em abono da verdade e, saliente-se, também pela caça ao voto.
Para mim, permitam-me a ousadia, esta atitude até é estúpida. Vila Cova, por exemplo, tem um potencial que no campo turístico merece a maior atenção. Potencialidades naturais, paisagísticas, históricas e até gastronómicas. Condições que de facto são impares.
Mas tem sido permanentemente votada ao abandono nas últimas décadas. Nem uma praia fluvial. A única localidade, das banhadas pelo Alva, no concelho, sem uma praia fluvial. E os monumentos históricos? A caminho da degradação, com a perda de valores artísticos e históricos, que deveriam ser tidos como verdadeiros tesouros a preservar.
Claro que não se podem só atribuir responsabilidades aos poderes camarários. A igreja, como instituição, já que também falamos de património que lhe pertence, é responsável e será mesmo a principal. Depois também a população. Mas como, perguntar-se-á? Uma população, envelhecida, sem meios, restam poucos os que estarão em condições de poder intervir. Restem os que restarem que o façam. Como? “Chateando”! É preciso chatear, reivindicar, protestar, bater a portas, não desistir. Razões, motivos, fundamentos existem e de que maneira! Sabemos, por outros casos, que há objectivos, reivindicações que acabam por ter resolução, ser bens sucedidos, pela persistência junto de quem tem meios resolutivos, meios decisivos. De resto, as causas pelas quais nos devemos bater, pelas quais nos devemos movimentar, até são muito justas e nobres.
Então, porque esperamos? Vamos à luta, vamos chatear quem deve ser chateado! Chateie-se, pois!
Nuno Espinal