publicado por Miradouro de Vila Cova | Sábado, 06 Junho , 2009, 09:22

Poderão achar muitos leitores que o título deste apontamento (Amália e Severa por um lado e Joaquim Leitão e João Brandão por outro) concitará, na associação dos pares de nomes, pouca concordância ou até um certo ilogismo.

E de facto, se retirados do contexto deste apontamento, é de todo o acerto tal conclusão, em especial se destacarmos os termos Amália e João Brandão.

Amália e João Brandão? -  perguntar-se-á. Que raio é que têm a ver, ou em comum, um com o outro?

De facto nada. Apenas o facto de serem portugueses e beirões. Mas isso, sendo destino de milhões e milhões, acaba, pela banalidade, de ser em absoluto irrelevante.

Então qual a razão?

Ora, no texto abaixo estará a resposta. Vamos então por partes:

 

Aqui há uns anos tive o grande privilégio (um grande privilégio) de ter entrevistado Amália Rodrigues. Sobre esta entrevista já a referenciei neste “Portal” e os fãs de Amália, se interessados, têm à sua leitura acesso no espaço “Opiniões”.

O que me leva a trazê-la a este apontamento é tão só um dos momentos dela retirado e que traduz um sentimento de Amália, uma sua curiosa forma de sentir e dizer:

 

 «Pelo que me dá a perceber é muito dogmática nas suas próprias verdades…

 

-(Amália sorri) - Há uns vinte anos fiz uns versos que diziam: “Ai de mim que vou vivendo/Ai, este mundo de desespero/Ai, tudo o que não entendo/Ai, o que entendo e não quero.” Julgo que aqui digo tudo. Aquilo que eu não quero entender não vale a pena eu não entendo. Dizem que a Severa morreu de uma ingestão de borrachos. Para mim, morreu foi de amores. Mas que não, que morreu foi de indigestão. Não gosto! Para mim o bonito é ter morrido de amores…»

 

Passemos agora ao conto de Joaquim Leitão, no qual é destacado o temor de João Brandão perante a valentia, coragem e envergadura física de um vilacovense de nome João Antunes. Lê-se, em algumas passagens, do conto:

 

«De feito, João Antunes era parelho! Se não tinha exactamente tanto de largura como de altura, as pernas de caçador, o tronco, os braços, a própria máscara repassavam a força e a maleabilidade grega. Ágil como a luz, quanta vez ganhara a aposta de, marinhando pela cantaria da Misericórdia ir lá acima tocar a campa!»

 

«…andava João Antunes à caça, ouviu tropido. Atentou. Adiante do cavalo, umas centenas de metros, fugia espavoridamente um homem. Reconheceu: no cavaleiro João Brandão; no perseguido, um rapaz de Vila Cova – Manuel da Cruz. Num pulo de galgo, desceu, e, estribando-se na encosta, gritou:

-Tem-te Manel, que agora estou cá eu!

João Brandão dando pelo vozeamento desandou a galope.»

 

«-E se ele desse cabo do ti João?

-De mim…? De mim…?

-Às vezes… ele é tão mau!...

-A mim não mata ele! – trovejou João Antunes – Só se me apanhar a dormir, como os romanos ao Viriato. De frente, rachava-o eu primeiro. Nem se fazia preciso esta… - e batia na arma, a escumar fúria.»

 

Que há de verdade nesta ficção? Historiadores, e há-os da vida e obra de João Brandão, contestarão em absoluto o amedrontamento de João Brandão perante o nosso João Antunes. E quanto eu respeito a dedicação, mérito e trabalho dos que pelo estudo e rigor da história se entregam.

Mas aqui mais não quero ser do que um mero vilacovense. E parafraseando Amália também eu digo:

“Aquilo que eu não quero entender não vale a pena eu não entendo. O bonito é João Antunes ter atemorizado João Brandão.”

 

Nuno Espinal   

 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 05 Junho , 2009, 09:46

Ora aí está a “Malta” a encontrar-se de novo. Nem todos, é certo, porque há compromissos incontornáveis. Mas, uma boa parte vai estar presente. Claro que há um pretexto e esse pretexto será um aniversário. Jorge Ferrão (filho) faz anos e quis comemorar a data juntando os velhos amigos da “Malta”. E, nem seria preciso dizê-lo, a Festa promete, basta ter o cunho da “Malta”

Pena tenho de não estar presente, caro Jorge. Mas mantém-te atento porque lá para a meia noite vou mandar-te um grande abraço. Um abraço a estender a toda Malta. Até lá!  

 

Nuno Espinal

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 04 Junho , 2009, 21:47

 

Constituiu uma verdadeira manifestação de pesar o funeral do Sr. Alfredo Lourenço. O féretro foi acompanhado por centenas de pessoas, entre as quais familiares do falecido, com destaque para viúva e filha e ainda do Presidente da Câmara, de Vereadores, Deputados da Assembleia Municipal, Presidentes de Freguesia, Representantes de Partidos e numeroso Povo, não só de Vila Cova mas ainda de localidades vizinhas. Incorporaram-se ainda no cortejo fúnebre representações da Irmandade da Santa Casa de Vila Cova, da Filarmónica Flor do Alva, da Irmandade de Vinhó, do Grupo Desportivo Vilacovense e do Rancho as Flores de Casal de São João.  
Antes do sepultamento foi rezada missa de corpo presente na Igreja Matriz, dita pelo Padre Cintra, com uma breve alocução de elogio póstumo, proferida pelo Presidente da Câmara, Engenheiro Ricardo Pereira Alves. 
Entretanto, o Presidente da Câmara determinou o dia de hoje como de luto municipal e, através de comunicado, refere-se a Alfredo Lourenço como “uma personalidade que granjeou respeito, simpatia e admiração pela determinação, coragem e empenhamento que demonstrou ao serviço da causa pública.”
  
 
Foto: a última tirada pelo Miradouro a Alfredo Lourenço, em Dezembro de 2008 

 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 04 Junho , 2009, 09:59

 

Causou grande comoção na comunidade vilacovense a morte do Sr. Alfredo Lourenço, Presidente da Junta de Freguesia de Vila Cova de Alva.
Apesar de ser do conhecimento geral a gravidade do estado de saúde do Sr. Lourenço, o que deixava perspectivar que este trágico desenlace podia ocorrer a qualquer momento, a notícia do falecimento foi recebida com a maior tristeza e emoção pelos vilacovenses.
O Sr. Alfredo Lourenço realizou à frente da Junta de Freguesia, que presidia desde 2005, um trabalho de apreciável mérito, que vinha merecendo o maior respeito e consideração, mesmo de adversários políticos.
O funeral realiza-se hoje às 19 horas para o cemitério de Vila Cova de Alva.
 

 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quarta-feira, 03 Junho , 2009, 20:52

É com a maior consternação que acabámos de ter conhecimento da morte do Sr. Alfredo Lourenço, Presidente da Junta de Freguesia de Vila Cova de Alva.

O Sr Alfredo Lourenço encontrava-se internado nos HUC, sendo muito grave o seu estado de saúde.

Apresentamos à família as nossas condolências. 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quarta-feira, 03 Junho , 2009, 04:02

O escritor Joaquim Leitão nutria por Vila Cova enorme afecto, revelado em alguns dos seus escritos, tal como o que o retirámos de um suplemento de uma Comarca de Arganil de 1945 e com o título, “A Rainha do Alva”,

Nesta sua peça literária, de que publicamos um curto fragmento, o escritor retoma a referência a João Antunes, “um verdadeiro sem pavor”, que nunca permitiu que a senha assassina de João Brandão se intrometesse em Vila Cova.

A reter a alusão ao número de habitantes da então Vila Cova, quase o triplo do de hoje.

Nuno Espinal

 

Falo-lhes hoje da Beira, coração de Portugal, da paterna terra minha – Vila Cova do Alva.

Algumas décadas havia que não punha os pés nestas serras aonde o preito pelos avoengos me levou agora, num deslizar de Outono, a gozar-me de umas breves férias que a fortuna “não deixa durar muito”. Rejeitei inúmeros convites para centros de turismo, para quintas e herdades. Refugi para este bendito recanto onde há o sossego e o silêncio que se invejam nas estampas da Terra Santa. O ruído, seja folgança, seja arfar da cidade, é jurado inimigo de quantos levam vida intensa, desgastador de toda e qualquer vida produtora. Há poucas semanas fez-se uma curiosa experiência, rodeada de todo o cauteloso rigor de observação científica. Isolou-se um núcleo de trabalhadores rurais e observou-se o trabalho que produziam. Levou-se essa gente para a New-York e verificou-se que o rendimento do trabalho era vinte por cento menos.

Férias quer dizer silêncio. Onde encontrá-lo? Encontrei-o afinal neste sector do presépio beirão, na minha querida Vila Cova de Sub-Avô, que há anos a esta parte, para sacudir o jugo da partícula, entendeu adoptar o apelido “d’Alva”, que legitimamente tem no seu livro de costados.

Porque é de notar que neste aglomerado, que pode contar cerca de trinta fogos e pouco mais de quinhentas e cinquenta almas, nunca houve nem há a noção do medo ou da dependência.

O famoso João Brandão, que da façanha política resvalou, por velocidade adquirida, à vida aventurosa de quadrilheiro, depois de se arruinar, era de por aqui perto. Benfeita, Avô, Coja, experimentaram-lhe o arbitrário poderio. Não há netas várzeas em redor árvore coeva que não tivesse estremecido com a vibração dos seus zagalotes. Com Vila Cova ele nunca se atreveu. Vinha aqui, sim, mas de visita, recebido pelo Sr. Dr. Sebastião de Brito, que não dava crédito à lenda que já ia a resvalar no pleno crime, o homem que fora esteio de Rodrigo da Fonseca, o elegante, de boa presença e boas maneiras que em sua casa obsequiava e encantava. E daí o guardar-se de lhe fechar a porta.

Mas quando à gratidão que, à distinção do Dr. Sebastião de Brito, João Brandão nunca se esqueceu que devia, não bastasse, havia cá na terra homem para ele – João Antunes. Rentou-o João Brandão para as suas hostes. João Antunes nem lhe votou nas listas nem lhe pegou depois nos bacamartes. João Brandão odiava-o. Mas temia-o. E João Brandão a cavalo e João Antunes, numa encosta, quem desandava a galope era o homem que foi o terror das Beiras, o João Brandão, que a política condenou depois de lhe oferecer um posto no exército regular e de o ministro do reino o mandar louvar em carta autografa. Rescaldos das lutas liberais.

/…/

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 02 Junho , 2009, 02:49

Continuamos com o conto de Joaquim Leitão, “Para Quem Vier”, e dele publicaremos um excerto que realça a pessoa de João Antunes, homem de valentia, têmpera e coração grande. A sua fama, de homem destemido, perdurou no tempo, pelo arrojo com que sempre afrontou o bandoleiro das beiras, João Brandão.

A casa onde João Antunes morava é a que surge nas fotos, ao tempo exposta em xisto, tal como todas as outras que lhe eram vizinhas. A casa, hoje, é propriedade da Drª Filomena Fortes, tetraneta, segundo apurámos, de João Antunes.

 

 

Nuno Espinal

 

/…/

Na tarde desse mesmo dia em que azoara o milhafre, andava João Antunes à caça, ouviu tropido. Atentou. Adiante do cavalo, umas centenas de metros, fugia espavoridamente um homem. Reconheceu: no cavaleiro João Brandão; no perseguido um rapaz de Vila Cova – Manuel da Cruz. Num pulo de galgo desceu e, restribando-se na encosta, gritou:

-Tem-te Manel, que agora estou cá eu!

João Brandão, dando pelo vozeamento desandou a galope.

Manuel da Cruz atravessou de coração endividado.

-Com que é que se paga isto, ti João?

João Antunes tapou-lhe a boca:

-Não me venhas para cá sanfoninar aos ouvidos!

-Com’ó João Brandão lhe tem respeito! – tornou Manuel da Cruz – Parecia um Judas numa roda de fogo preso!...

-Respeito…hum!...Aquilo tira a lobo! Vinha sozinho…

Foram andando com os comentários. O anoitecer ia na companhia deles.

-O ti João vai-se chegando?

-Pois… Tenho lá o neto à espera para a bailata da deita: Não é capaz de adormecer sem eu bailar um bocado com ele!...

Treparam a congosta . O amesendado de Vila Cova cabeceava com sono. As paredes de xisto, ínvias e sem reboco, escorregavam pelo Outeiro, na pesada sonolência da infância. As buracas, na maioria desconhecendo o vidro, cerravam as pálpebras de castanho.

João Antunes e Manuel da Cruz embrenharam-se pelos travessos da vila e breve, os sapatos cardados, deixando de arranhar os godos que calçam a Rua Direita, dobraram para a Rua da Fonte. Mais duas moradas que se apanhavam num abraço e estavam em casa de ti João.

/…/

 

 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Segunda-feira, 01 Junho , 2009, 03:30

Estão todos com um ar curtido. O que é bom sinal, julgo eu. É que mordomos sisudos poderia ser prenúncio de festa chata. Longe vá o agoiro, diremos todos. A Festa terá mesmo de ser é divertida e muito. E vai ser, disso tenho plena convicção. Mas, para isso, não basta a boa disposição dos mordomos. É preciso mais. E aqui o “mais” são os incontornáveis “carcanhóis”.

Pois foi à sua “caça”, dos “carcanhóis”, que andaram, Domingo, os mordomos do São João 2009. Os mordomos “sexo masculino”, esclareça-se. Porque as “gentis meninas”, parafraseando o que é de uso e costume, já o tinham feito antes.

 

Eu, por mim, cumpri o meu dever. Dei a uns (ou umas) e dei a outros. E mais – o que dei a uns foi igualzinho ao que dei a outros.  Nem um cêntimo de diferença. Ou seja, tratamento indiferenciado, igualdade de género consagrada.  

 

E já agora, em reforço democrático, aqui fica, a propósito do São João, mais uma igualdade:

 

Há cheiros de manjerico

Que nos turvam a razão

Canta o pobre canta o rico

Na noite de São João

 

Apenas um pequeno detalhe. Em vez de manjerico escreva-se rosmaninho. É certo que não rima. Mas é mais verdade.

 

Nuno Espinal

 


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