O Teixo de Vila Cova é uma árvore classificada e uma referência para o Instituto de Protecção da Natureza que actua na zona de Arganil.
Vila Cova é de facto uma terra de singularidades. Vejam-se os seus solares, o seu centro histórico, os seus monumentos, a sua paisagem. E até uma árvore que é única no concelho. Trata-se do teixo, árvore de séculos, que adorna o tão pitoresco recanto da Senhora da Graça, na Mata do Convento.
Já dela falámos no Miradouro a propósito de um conto de Joaquim Leitão, que a refere em analogia com a compleição física de um personagem. É uma árvore vigorosa, de forte tronco, e que no contexto físico da Senhora da Graça exerce um poder que fascina. Contudo, em todo aquele porte fascinante há uma perversidade que pode até ser letal. Todas as partes verdes do teixo são tóxicas e os teixos já foram fonte de morte de muitos animais domésticos, em especial cavalos.
Esta a razão do seu abate sistemático desde há séculos, a tal ponto de hoje ser, em muitas zonas, uma árvore protegida.
Na antiguidade o teixo era uma árvore funerária, associada á morte e encontrava-se em muitos cemitérios. Contudo, este lado arrepiante do teixo é suplantado pela importância que veio a adquirir no campo da medicina. É que o teixo veio a tornar-se como um grande aliado da vida humana no combate a um dos grandes flagelos do séc XX, flagelo que ainda continua no séc XXI: o cancro. Do teixo extraem-se os “taxanos” que são uma das principais armas da medicina moderna para vários tumores como os da mama, pulmão, bexiga, próstata e muitos outros. E quem disto duvidar basta só que atente a história do maior ciclista desde sempre a nível mundial: Lance Amstrong que, acometido de um cancro nos testículos, deve a cura a um medicamento composto com um componente do “teixo”. Depois da cura, Amstrong foi o campeão que se sabe.
Nuno Espinal