-Até faz doer os olhos…
O ancião percorria um a um alguns estragos e deteriorações no interior da velha Igreja Matriz, com olhos de tristeza a avultarem-lhe o lamento.
-Até faz doer os olhos… repetia.
As palavras fluíam no silêncio e enredavam-no em altar de reverência, dando-lhe majestade e respeito, a que, sem vacilar, anuí.
Nem fui o único. Outros, uns tantos, traduziam na expressão esse sentimento.
A Igreja, a velha Igreja Matriz a degradar-se ano a ano. De quem a culpa? De uns mais, de outros nem tanto, digo eu. Mas…e a Fábrica da Igreja? Tanta passividade, tanto alheamento, tanto cruzar de braços!...
O velho ancião, entretanto, pôs-se a caminho. Vergado no peso dos anos, altivo no peso do saber. E ainda disse: -Talvez um dia!
E lá foi…
Nuno Espinal