publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 31 Outubro , 2008, 00:49

Chamavam-lhe o “ti” Zé da Laura. Dele muito pouco sei. Apenas uma muito breve história que se encaixa, na perfeição, nesta foto, em que o nosso “ti” Zé surge na sua farda de militar, antes da sua incorporação no corpo expedicionário que iria combater em França, na Grande Guerra Mundial de 1914-1918.
O nosso militar foi um dos vilacovenses que aquela guerra apanhou nos seus vinte anos de idade ou pouco mais. Terá partido para França, integrado num contingente militar, em 1916 ou talvez 1917. Entretanto por lá andou, em frentes de combate, até que um dia a notícia chegava brutal a Vila Cova, dando-o como falecido em combate. A família chorou-lhe a morte e cobriu-se de luto. 
Veio o armistício proposto pelos aliados e aceite pela Alemanha em 11 de Novembro de 1918.  
Em Janeiro de 19, os familiares do soldado Zé aqueciam-se, já noite, na lareira da sua casa da Rua do Outeiro. De repente alguém abre a porta. “Não podia ser. O quê, ele o Zé? Ah, não, era por certo alma do outro mundo”. Fugiram espavoridos, e só momentos depois e ainda a muito custo acabariam por, já recompostos, aceitar a realidade. Era de facto o Zé, bem vivinho, ainda que morto, isso sim, de fome e sede.
Afinal tinha sido feito prisioneiro e, já desaparecido, foi dado como morto.
 
 
 
Nuno Espinal            

publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 31 Outubro , 2008, 00:47

 

Caro Quim
 
Acabei de fazer a minha visita diária (uma das...) ao Miradouro. Depois de ler o teu texto não posso deixar de te dar os Parabéns pela forma como descreveste aqueles tempos que tantas marcas nos deixaram a todos. Não foi por acaso que escolhi, se bem te recordas, o mesmo tema da Françoise Hardy para a música de fundo do video que apresentei no almoço daquele memorável reencontro da "Malta". E também não foi por acaso que deixei um nome gravado naquelas árvores. Mas, no meu caso, "ela" não esteve presente.
Deixo-te um grande Abraço. Até breve.
 
Antero Madeira.   
 
 
 
Caro Antero
 
As tuas palavras foram muito simpáticas. Mas é isso mesmo. A magia de Vila Cova e tudo aquilo que por lá passámos deixou-nos marcas que não se apagam facilmente. E a canção é imorredoira.
Um grande Abraço para ti e até breve.
Quim

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quarta-feira, 29 Outubro , 2008, 23:50

Numa das minhas idas diárias ao Miradouro, sempre na expectativa de novas e histórias, dei comigo a revisitar os acontecimentos do III Capítulo da Confraria do Bucho. E, claro, uma olhadela às fotografias (a uma ou a outra mais demoradamente) que ilustraram essa jornada, onde alguns amigos, das mágicas férias grandes em Vila Cova, estavam presentes. Missão cumprida e, não havendo nada de novo, vou directo ao meu correio electrónico. Logo me chama a atenção a correspondência de um amigo de longa data cujo título, “canções do nosso tempo”, me despertou de imediato os sentidos. Aberto o ”mail”, eis que me surge uma música da Françoise Hardy, “tous les garçons et les filles…”, que me transporta novamente ao Miradouro e às fotografias do III Capítulo. É que, numa dessas fotos, está a protagonista de uma das minhas mais intensas paixões de adolescente e da qual faz parte a canção já referida.
 
“tous les garçons et les filles de mon âge
 se promènent dans la rue deux par deux.
                                                               ………………………………………………………………..
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main…etc., etc.”
 
Canção que trauteávamos de mãos entrelaçadas, olhos nos olhos, em juras e promessas de amor incontidos, numa intensa vivência que as paixões dos nossos verdes anos da década de sessenta provocavam.
Gravei o nome da minha amada em muitas das árvores que orlavam os locais míticos que nos serviam de porto de abrigo. Na Mata do Convento, no Rio, nas Tílias, nas Mimosas sobranceiras à fonte dos passarinhos, etc., etc… Algumas dessas árvores já não existem. Outras, pelo passar dos anos, já absorveram essas inscrições. Ainda há um local onde o seu nome continua gravado. Mas esse, não o revelo.
E não me envergonho de dizer que essa eleita do meu coração, foi uma das poucas mulheres por quem chorei, no silêncio do meu quarto, após a sua partida. Inevitavelmente, o fim das férias levava quase sempre a afastamentos prolongados, na pior das hipóteses, até às férias grandes seguintes. Neste caso, por força de circunstâncias próprias da vida, o afastamento durou alguns anos, bastantes. Reencontrámo-nos, já avós, orgulhosos cada um das suas proles, o ano passado, no almoço de alguma da rapaziada daquela época.
Reencontro memorável, não só pela marcada recordação da nossa juventude, que vivemos generosa e intensamente, mas também porque, pela condição dos anitos que passaram, lhe soubemos imprimir uma ternura muito própria.
São histórias da vida que podiam acontecer em muitas e variadas aldeias. Mas esta foi em Vila Cova do Alva.
Acabo, em jeito de homenagem a todos os queridos amigos e amigas desses tempos, com alguns versos da canção da Françoise Hardy…
 
Tous les garçons et les filles de mon age
Savent bien ce que c’est d’être heureux…
 
Um abraço do vosso
Quim

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 28 Outubro , 2008, 23:24

 

O Vilacovense vai somando e amealhando. Amealhando golos e, o que é bem mais importante, o pleno de pontos. Mas vai proporcionando também bons espectáculos de futebol, o que tudo conjugado é motivo para que os seus adeptos não se dispensem à presença nos jogos e no apoio à equipa. Foi o que aconteceu no último Domingo. A massa associativa compareceu em peso, e os jogadores corresponderam com uma boa exibição e um significativo triunfo.
 
Ficha técnica do jogo:
 
Constituição do Vilacovense:
Guarda-Redes: Paulo
Defesas: Hugo, Kikas, António Cruz e Fábio Leitão;
Médios: Marco Paulo, Hugo Ferreira, Wilson e Bruno Carvalho
Avançados: Mota; Marco António
 
Substituições:
Hugo por Filipe aos 35 min.
Mota por David aos 65 min.
Fábio por Madeia aos 70 min
Hugo Ferreira por António Antunes 75 min.
Wilson por Bruno aos 80 min.
 
Suplente não utilizado: Nando
 
Marcadores dos Golos:
Marco António aos 7 min e aos 85 min;
Hugo Ferreira aos 48 min e aos 55 min;
Bruno Santos através de grande penalidade aos 88 min.
 
O próximo jogo é em Bobadela, a 2 de Novembro, às 15 H.
 
 
Nuno Espinal/Fábio Leitão

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 28 Outubro , 2008, 01:49

 

No Pavilhão, que foi armado para o III Capítulo, a Professora Doutora Regina Anacleto, após o almoço de confraternização da Confraria do Bucho, proferiu uma palestra sobre aspectos da História de Vila Cova, nomeadamente sobre os seus principais edifícios históricos, como sejam as Igrejas Matriz, do Convento e da Misericórdia.
Foi uma cativante lição, que prendeu a atenção de todos os presentes, com projecção de imagens que iam sendo comentadas, com a curiosidade de uma delas ter sido manipulada, como foi o caso da referente ao antigo edifício da Câmara, situado no Largo da Praça, edifício que, na manipulação fotográfica, foi despojado de elementos que lhe são estranhos à sua traça inicial.
A ideia foi provar quanto a arquitectura do casario histórico de Vila Cova ficaria a ganhar se muitas das “barbaridades” cometidas tivessem sido evitadas.
Uma dessas “barbaridades”, e que tem sido criticada por muitos que dela tomam conhecimento, é o velho edifício brasonado situado na Rua Direita, que foi totalmente desvirtuado com a adulteração das paredes exteriores iniciais que se transmudaram para revestimento em marmorite. A “vergonha” como tem sido apelidado pelos vilacovenses.
A Doutora Regina Anacleto mostrou outras imagens destes “crimes” à traça de edifícios do núcleo histórico de Vila Cova, ressalvando que a sua intervenção tinha meramente uma intenção pedagógica e de sensibilização.
Entretanto, há casas no centro histórico de Vila Cova que estão a ser postas à venda, com a possibilidade de novos proprietários cederem à tentação de obras que poderão ser uma desvirtuação do traçado de origem. A ver vamos o que vai acontecer.
Mas não deveria competir à Câmara, através do seu quadro de arquitectos, ter uma intervenção nesta matéria?
 
 
Nuno Espinal       
 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Domingo, 26 Outubro , 2008, 21:10

Imparáveis! O Vilacovense já vai com duas vitórias, dez golos marcados e apenas um sofrido. Hoje mais uma bela exibição a entusiasmar os adeptos.

(crónica do jogo, mais tarde)


publicado por Miradouro de Vila Cova | Domingo, 26 Outubro , 2008, 13:31

 

Éramos quinze à mesa, dois vindos do Porto, o resto gente de Lisboa. Um bom tinto alentejano e, com um copito talvez a mais, muitos risos e sorrisos, larachas e desinibidas conversas. E de cavaqueira em cavaqueira, lá veio a velha fatalidade, tão fatal como o destino: o tema futebol.
E era só ouvi-los. Mais Benfica para aqui, mais Quique Flores para ali e Sporting isto e aquilo, com Paulo Bento, Liedson e por aí fora, e mais o Porto, o Apito Dourado, etc, etc .
Há, então, quem, vá-se lá saber porquê, lança uma proposta. “Meus amigos, vamos votar para saber qual é, entre nós, o clube com mais adeptos”. “Vamos a isso”, respondem. E logo um outro acrescenta. “Os do clube vencedor têm uma bebida de borla.” “De acordo", respondem, " e que ninguém se negue”.
Fez-se veloz o escrutínio. Votam catorze, só falto eu. Resultado até então: Benfica 6 votos, Sporting 6 e Porto 2.
“Vá amigo, falta o seu voto”. Criou-se um ambiente de suspense, a expectativa do desempate. “Muito bem, eu sei, falta o meu voto. Pois o meu voto é Académica de Coimbra”.
Sorrisos condescendentes, uma palmada nas costas: “Claro, a Briosa, todos nós gostamos da Académica. Mas de entre os dois, Benfica ou Sporting, qual é o seu preferido?”
“Desculpem-me, já vos disse. O meu preferido é só um e não mais que um. A Académica”.
Acerca-se-me, então, um deles, tipo convencido e, com ares de grande argumento, atira-me: “Você tem de ver a coisa no plano das dimensões. Uma das dimensões é onde se colocam os clubes do nível da Académica. Outra é onde estão os três grandes. Está ver? Duas dimensões.”
Apeteceu-me mesmo mandá-lo a uma terceira dimensão. Mas noblesse oblige e retorqui-lhe.
-“Sabe?. Até o compreendo. Duas dimensões, sim senhor, estou a ver. Então vá. De uma das dimensões já percebeu, para mim, qual é o preferido. A Briosa. Da outra dimensão, olhe, é um clube de que até sou sócio. O Vilacovense.
-“O Vilacovense?”
-Sim, o Vilacovense. Sabe de onde? De Vila Cova de Alva, joga no Campeonato do Inatel…"
 
Confesso que me senti como se tivesse marcado um grande golo.
 
 
Nuno Espinal
 
 

 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Sábado, 25 Outubro , 2008, 12:14

 

A essência de muita da dinâmica e de algum progresso das pequenas comunidades espalhadas pelo país é o associativismo, gerado de um voluntarismo imprescindível para que a sua existência e eficácia sejam um facto. Neste processo surge, como peça fundamental, a figura do dirigente. Quantos homens, no nosso reduto que é Vila Cova, não se disponibilizaram, ao longo de anos, a tarefas dirigentes em instituições que se vieram afirmando como bens determinantes para o que de melhor sempre se fez em prol da terra e dos vilacovenses?
A foto que me chegou às mãos é um registo de um desses homens. Trata-se do Sr. Jorge de Almeida, já falecido há uns vinte anos,
Não tenho a data precisa da foto, mas não deve ter menos de quarenta anos. Nela o Sr. Jorge de Almeida assume-se na posição de Presidente da Flor do Alva.
 
Conheci-o bem e guardo da sua profissão de alfaiate muitas referências, devidas especialmente à sua alta mestria na arte. Recorri, algumas vezes, quando jovem, aos seus préstimos. Peça que das suas mãos viesse encaixava que nem uma luva. Nem um centímetro a mais, nem um centímetro a menos, tudo na medida certa, na perfeição.
Na sua oficina de trabalho acomodei-me várias vezes, envolvido numa boa cavaqueira, animada pelo seu fino humor, pela piada sempre oportuna.  
 
Deixo-lhe aqui a minha homenagem e, já agora, com um abraço a seu filho, o meu amigo de sempre, Toneca.
 
 
Nuno Espinal       

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 24 Outubro , 2008, 10:53

O “Miradouro” tem crescido muito. Das cerca de trinta visitas iniciais às cento e oitenta visitas atingidas recentemente há uma diferença significativa. Ainda bem! É uma dado que nos deixa motivados e que nos compensa pelo esforço diário, considerando a pequena dimensão do público alvo a que nos dirigimos e o número reduzido de motivos informativos, já que em Vila Cova, pela sua pequenez, os “acontecimentos” que se prestam à notícia são escassos e de ocorrência espaçada. Vale-nos o apelo à imaginação para que, no dia a dia, tenhamos matéria escrita e fotográfica para encaixar no bloco”Notícias”.
Mas, nem sempre é fácil. Daí que respiremos de alívio quando surgem acontecimentos que nos folgam o esforço imaginativo. Ou que tenhamos peças escritas enviadas por amigos nossos que se dispõem à colaboração. Um obrigado à Drª Zita, ao Antero Madeira e ao Quim Espinal.
Nestes quase dois anos de existência do “Miradouro” fomos percebendo alguma da lógica que determina as preferências dos nossos visitantes.
Notícias de acontecimentos da terra, sejam eles passados ou não em Vila Cova, mas que envolvam “gente” ligada a Vila Cova estão no topo das preferências. As fotografias que mostram pessoas são também muito apreciadas. Não por um sentimento de “voyeurismo”, ao estilo de uma qualquer “Caras”, mas pelo simples prazer de se rever gente que se conhece, gente amiga, ou até mesmo gente que pertence à própria família.
 
É por isso que fazemos um apelo. Enviem-nos escritos e fotos de acontecimentos como um casamento, um baptizado, um encontro de vilacovenses, um jovem que se licencia, um nascimento e tantas coisas mais. Até fotos antigas, tão apreciadas, mesmo de gente já falecida. Neste caso, como homenagem, como forma, até, de se lhes perpetuar a memória. O Miradouro, ainda que na sua modéstia, vai ser no futuro uma fonte histórica. Acreditem!
Um obrigado a todos.
 
Equipa do Miradouro
 
 

 


publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 23 Outubro , 2008, 00:20

 

Nas carradas de lixo, retiradas da Igreja da Misericórdia, aquando da limpeza que precedeu a Entronização, foi encontrado o cadáver de um cão que, pelo aspecto, denunciava já estar morto há muitos anos. A cena foi tão mais confrangedora quanto a imaginação permitiria reconstituir o sofrimento atroz do cachorro na sua agonia face à fome e à sede.
O cachorro foi vítima do abandono daquele espaço. Supõe-se que terá entrado quando a porta foi aberta para ser guardado o pendão ou a bandeira e lanternas após uma procissão ou um funeral.
Depois foram dias ali fechado e fatalmente acabaria por sucumbir. Foi encontrado no coro, aonde há muito ninguém subia por falta da escada de acesso, em madeira, que foi retirada há já bastantes anos, porque não oferecia condições de segurança.
Esta cena dá ideia do desprezo a que o edifício foi condenado e do evolutivo estado de degradação em que se encontrava.
É altura de contrariar esta tendência. Há quem diga, contudo, que mais prioritários em obras de restauro e requalificação sejam as Igrejas Matriz e do Convento. Talvez tenham razão. Mas dessas não nos cabem nem direito nem dever. São património integral da Igreja. Já da Misericórdia o caso é outro. Aos cuidados devidos, acreditem, não nos furtaremos. Pelo menos, tudo vamos tentar. 
 
 
Nuno Espinal
 
 

 


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