Na foto, da esquerda para a direita, Prazeres Mendes, Ester Santos, António Santos, Jorge Valentim Santos, Carlos Mendes Santos, Albano Mendes Santos, Emília Ribeiro, Encarnação Santos, Augusta Alves Santos e Emília Jesus Santos.
Na sociedade do sec. XXI podemos identificar como predominante, nas relações familiares, o que os sociólogos e antropólogos designam por “família nuclear” ou seja, dois adultos vivendo juntos num mesmo agregado (pai e mãe) com os seus filhos biológicos ou adoptados. Tempos houve, contudo, em que a família nuclear estava integrada, económica e espacialmente, em redes de parentesco mais amplas, formando aquilo que se designa de “família extensa”,
Em Vila Cova é fácil constatar o fenómeno da “família nuclear” como predominante e quase exclusivo. O slogan, tão badalado nos anos “70” e “80”, de que “quem casa quer casa”, era já uma confirmação do fenómeno generalizado em toda a sociedade portuguesa, de resto típico do chamado mundo ocidental.
O fenómeno trouxe, naturalmente, consequências ao nível das relações entre a família no seu padrão mais extenso, desaparecendo ou afrouxando os laços afectivos e de proximidade que antes se verificavam entre os seus membros.
A foto mais antiga que me chegou às mãos fez-me reflectir sobre estes aspectos. O que antes era muito comum, um piquenique da família com laços de parentesco mais alargados, hoje praticamente não existe.
Eu próprio vivi estes encontros, fossem piqueniques ou lanches à volta do petiscar de um bom requeijão, de uma boa chouriça, do apetitoso bucho, com um bom copo de vinho, ou um chá de ervas aromáticas caseiras.
E que dizer dos serões à volta de uma mesa, na jogatina do loto, com pais, filhos, avós, irmãos, tios, sobrinhos, primos, cunhados, compadres, e até amigos, todos envolvidos?
Há dias, talvez para matar saudades ou para as avivar, estive num lanche, desses à moda antiga, oferecido na Casa do Convento, pela amabilidade e amizade da Srª Dª Natália de Figueiredo. Fiz de fotógrafo e fixei o momento. Lá estive com uns primos meus. Antes, há uns quarenta e mais anos, na família, éramos às dezenas, com casa polarizadas em S. Sebastião e no Adro, mas com encontros permanentes, nas visitas que se faziam, nos lanches que eram pretexto de fraternais convívios, nos “lotos” nocturnos jogados a tostão. Hoje, em Vila Cova, restamos nós. E vezes há, em períodos do ano, em que dos que restam dessa tão enorme família nem um se encontra.
Tudo, agora, tão disperso e distante…
Nuno Espinal
