A Igreja do Convento, por razões que se conhecem, tem sido, nos últimos dias, motivo de conversas, do chamado falatório.
Curiosamente, ao longo da sua história, tem sido fonte de alguns conflitos, polémicas e diferendos, resultantes, principalmente, de manifestações e reivindicações sobre a posse de seus bens e espaços.
Acontece até que um desses diferendos acabou por contribuir para que um elemento novo fosse acrescentado ao seu próprio complexo arquitectónico: a escadaria que nos conduz do corpo da Igreja ao Coro. Mas vamos à história.
Inicialmente, e foi sempre assim no tempo dos frades, o único acesso ao Coro era feito por uma porta de serventia com o edifício conventual, ou seja a Igreja não tinha qualquer ligação directa ao Coro. Quando o edifício e a Igreja passaram a ter proprietários diferentes (a Igreja na posse da Santa Casa de Misericórdia e o edifício pertença de privados) gerou-se, cerca de 1883, entre estas partes, um conflito, resultante do não cumprimento de um acordo firmado. Com efeito, o proprietário, àquela data, do edifício do convento, Dr. Alexandre de Cupertino, entre outros desrespeitos de cláusulas de um acordo a que seu pai, Conselheiro José Cupertino, entretanto já falecido, tinha acedido, criou dificuldades ao livre-trânsito para o Coro a eclesiásticos, músicos e membros da Mesa da Santa Casa, contrariando o que estava estabelecido no Acordo.
A situação criada levou a que a Mesa da Misericórdia, para acabar de vez com o problema, resolvesse construir uma escadaria que permitisse o acesso directo entre Igreja e Coro. E assim foi feito. A escadaria lá está, escavada numa das largas paredes do templo.
Nuno Espinal
Foto: Silvino Lopes