Longe vão os tempos em que grupos de passeantes, nas noites de Verão, percorriam, ora num sentido ora noutro, a estrada desde o barranco à casa da Dª Amélia.
Nesses tempos a televisão era ainda incipiente. Meia dúzia de televisores espalhados nos “cafés”, um único canal como opção, programas a preto e branco, pouco convidativos, alguns até sensaborões, impostos pelo crivo da moral e costumes salazaristas.
Hoje tudo é diferente. O número de aparelhos cresceu de forma impressionante. Cada lar tem um ou mais televisores. O número de canais optativos tem-se alargado à quase centena. Depois há ainda a Internete. Tudo junto cria como que um íman, que nos ata ao reduto caseiro.
Ontem estava uma noite aprazível. Saí à procura de cavaqueira, percorri a estrada na expectativa de um ou outro “compagnon de route”. Qual quê, nem um! Pois é, futebol na televisão e logo Benfica e Sporting!
Ah, quase esquecia! Um canito, talvez vadio, interpelou-me à procura de afagos.
Nuno Espinal