Estamos em período de festas e ei-las acontecendo um pouco por todo o lado. Contudo, de “festa”, quase todas, pouco mais têm que o nome. Falhas de graça, de animação, são iguais nas programações, na falta de criatividade, parecendo apenas querer cumprir calendário.
Com menos meios, eram bem diferentes as de antigamente. E dizem os mais velhos que havia diversão, e que a diversão era para toda a gente. Toda a gente sem excepção, mais velhos ou mais novos que fossem. Hoje será assim?
O programa que publicamos é de uma festa de S. João, realizada em Vila Cova, corria o ano de 1924. Comparativamente às de hoje demonstram uma versatilidade dignas de registo e alguns dos temas propostos, hoje, até nos fazem sorrir.
Mas alguém duvida de que deviam ser bem divertidas?
Dia 22: às 22 horas girândola de foguetes, dando a nossa Filarmónica – Flor do Alva – volta às ruas, mimoseando-nos depois com um concerto no Largo de S. Sebastião; às 24 horas queima de um pinheiro cheio de rosmaninho.
Dia 23: às 19 horas corridas de sacos e cântaros, com valiosos prémios; às 20 horas, num pavilhão artisticamente ornamentado, exibir-se-á o rancho infantil, ensaiado e dirigido pelos srs. Professores desta vila; às 21 horas bailes e descantes populares e uma salva de morteiros dará começo ao arraial, havendo concerto pela nossa música até à 1 hora.
Dia 24: às 5 horas, salvas de foguetões junto à Capela de S. João e, à mesma hora, salva de 21 morteiros na Torre da Igreja Matriz, havendo repique de sinos; às 9 horas, a “Flor do Alva” percorrerá as ruas da vila para juntar os andores e ofertas; às 11 horas, sairá a procissão da Igreja Matriz para o Alqueidão, onde terá lugar a festa religiosa, finda a qual se arrematarão as ofertas, funcionando ao mesmo tempo um basar, com valiosas prendas, destacando-se entre elas duas estatuetas e uma salva de prata dignas de serem apreciadas; às 18 horas sairá a procissão do Alqueidão para a Igreja Matriz; às 20 horas corrida de três pernas; às 21 horas exibição do tradicional pau encebado, tendo no cimo um bacalhau, oferta da principal casa de artigo de Lisboa, exibindo-se também o rancho infantil, que se fará acompanhar por um sexteto; às 22 horas, consta que a Filarmónica “Lira do Alva” de Aldeia das dez; às 23 horas será queimado um vistoso fogo de vista, adquirido a um afamado pirotécnico, havendo iluminação a acetilene e à venesiana; às 2 horas percorrerá as ruas uma marcha “aux flambeaux” com mais de 100 balões, na qual se incorporará a nossa filarmónica.
Dia 25: às 16 horas grande “pic-nic” de confraternização, junto às carvalhas do Alqueidão.
Nuno Espinal/Palmira Barreiras