Ausente de Vila Cova, vou, contudo, recebendo diariamente notícias do que por lá se passa. O tema dominante destes dias é, naturalmente, a Festa de S. João. E o que invariavelmente me chega, em tom de desabafo e alguma tristeza, é que a Festa está muito longe de ser o que já foi. Não é que não haja total empenho e dedicação por parte dos seus organizadores. Entregam-se o mais que podem e são moiros de trabalho. O problema é a falta de gente, falta de participantes nas várias manifestações festivas. A questão já nem é de agora. Ano a ano a “terra” perde população, a população vai envelhecendo, sendo que os mais idosos, e vão sendo muitos, debilitados que estão, se abstêm de tudo o que é programa das festas. Depois há a questão própria do calendário. Festa, em dia de trabalho, é certo e sabido que parte dos vilacovenses não pode comparecer. De fora, de outras terras, por esta mesma razão, nem viv’alma. Por tudo isto a Festa, em dia dos chamados úteis, perde chama, perde cor, perde alegria.
Assim sendo, que fazer?
Pelo significado que tem, pelo que de tradição representa, a Festa de S. João nunca poderá morrer. E nunca vai morrer. A força e determinação dos actuais mordomos é garantia da sua continuidade. O que é preciso que aconteça é ter de ser repensada, planeada noutros moldes. Uma Festa mais íntima, mais caseira, que motive todo o universo da população. E explodi-la sempre que o dia de S. João calhe a um Sábado ou a um Domingo.
Nuno Espinal