A Rua do Forno sempre me subjugou. Marcas do passado, que ainda as tem, as brevidades dos seus espaços, a atmosfera medieval, o silêncio que realça passadas no empedrado, tudo isto junto e ainda mais, tocam-me as emoções e, confesso, expõem-me a uma positiva (digo eu) pieguice. Que seja.
Talvez por isto, a cena do cachorro naquela reentrância que remete para a porta de uma casa, fixou-me por momentos.
Os chinelos de mulher, ali prantados, eram indício de ausência. E ele lá está, em guarda e, da dona, à espera.
Que simbiose, meu Deus! Homem/Bicho, simbiose da Vida como Torga tão bem soube dizer.
Dali me fui, em cisma, pensamentos, associações, este mundo por vezes tão canalha.
Mundo Cão, diz-se.
Mundo Cão? Quem nos dera!...
Nuno Espinal