In Diário das Beiras
Um estudo encomendado pela Estradas de Portugal defende a construção de duas estradas a sul da Serra da Estrela, embora reconheça que abrir túneis garante melhores acessibilidades e maior desenvolvimento regional.
O elevado investimento previsto para 12 quilómetros de túneis (704 milhões de euros) face aos benefícios para os utentes (em termos de poupança de tempo e combustíveis, entre outros), faz do cenário o único com uma “taxa de rentabilidade negativa até 2030”. No entanto, o documento refere que esta é a solução que garante melhor ligações em toda a região e que mais promove o desenvolvimento regional ao nível de “emprego, coesão social” e “consolidação do sistema urbano”.
O Estudo de Avaliação Estratégica para a região do Centro Interior foi encomendado pela Estradas de Portugal e está em consulta pública até final do mês e inclui três cenários.
Três cenários
O cenário A prevê a construção de três novas estradas em redor da Serra da Estrela: IC6 entre Coimbra e Covilhã, IC7 entre Venda de Galizes e a A25 (em Celorico da Beira ou Fornos de Algodres) e o IC37 entre Seia e Viseu.
O cenário B prevê a construção do IC7 entre a Covilhã e Viseu, com túneis para atravessar a Serra da Estrela, o maior dos quais com de 8,5 quilómetros entre Manteigas e Seia/Gouveia. Está previsto que o IC6 ligue Coimbra e a A25 no distrito da Guarda.
O cenário C é de uma forma geral a adaptação do perfil em X apresentado no cenário B, mas contornando a Serra da Estrela a sudoeste entre Sandomil, São Gião e Vide, para onde são previstos alguns túneis mais pequenos.
A utilização das vias em estudo é mais intensa no cenário B, com uma previsão de tráfego médio diário anual de 8.500 veículos e menor no Cenário A, com 7.350 veículos. O cenário C apresenta um valor intermédio de 8.050 veículos. “O cenário B é muito extremado, apresentando desempenhos muito positivos mas também muito negativos em aspectos que são estruturantes e têm um peso estratégico na decisão (ambiente e rentabilidade económica)”, refere o documento. “Pelo contrário, os cenários A e C, traduzem um comportamento globalmente muito equilibrado e viável do ponto de vista financeiro”.
12 concelhos afectados
O estudo conclui que “da observação dos pilares da avaliação, análise por troços e consulta às entidades, há alguma convergência em torno das vantagens do cenário C”.
No entanto, ressalva “as virtualidades associadas às outras alternativas, que convidam a uma reflexão em torno de uma possível optimização de componentes e troços que se mostraram menos favoráveis” no cenário C.
Segundo refere o próprio estudo, o trabalho afecta directamente os concelhos de Arganil, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Seia, Tábua e Viseu.
A Assembleia Municipal de Manteigas já aprovou uma moção de apoio à opção que prevê a construção de túneis na Serra da Estrela. Também a Câmara da Covilhã já deliberou apoiar essa opção.
O presidente da autarquia da Covilhã, Carlos Pinto, preside também à Comunidade Urbana das Beiras (Comurbeiras) e já disse que a estrutura está disponível para lançar a obra em modelo de concepção, construção e exploração.