Ainda recentemente, o Dr. Oliveira Alves escrevia um texto em “Nas Tílias À Conversa” no qual abordava a questão demográfica e o rematava, ao finalizar, com um apelo que, na gravidade do tema, não enjeitava algum humor: “Façam filhos”- dizia.
Na verdade, a baixa taxa de natalidade que permanece e até se tem acentuado nos países de mais alto índice económico é a razão que impera na diminuição demográfica que vem ocorrendo, em especial desde a década de setenta do século passado.
Portugal não foge à regra, com todas as consequências negativas advenientes. E se Vila Cova não pode ser usada como paradigma o seu caso é, de algum modo, sintomático. Atentem-se só a estes elementos. Se na década de 50 a população de Vila Cova rondava os 500 habitantes, hoje não ultrapassará os 200. Claro que a emigração será o factor mais determinante. Mas a natalidade também não deixa de contribuir para este decréscimo já que antes os casais procriavam três, quatro e mais filhos, muito ao contrário do que o que veio a acontecer posteriormente em que a procriação, por casal, passou (e continuará) a não ultrapassar mais de dois filhos.
Ora, o problema demográfico é hoje tema de grandes análises e os próprios governos tomam medidas com que o tendem minimizar. Mas, se é um problema contemporâneo, já em meados do século passado havia sinais que o prenunciavam. E não deixa de ser curioso que já então a própria Comarca de Arganil o referisse. Basta só que atentemos em um apontamento que passo a transcrever (obrigado Drª Palmira Barreiras) de uma Comarca de 8 de Maio de 1952, com o título “O Problema Demográfico”.
“O saldo fisiológico do nosso país, no ano findo de 1951, foi o seguinte: mais 102.346 pessoas do que as falecidas. Não é a natalidade que aumenta. É a mortalidade que diminui.
Quando esta se equilibrar deverá o país começar a debater-se com a crise tremenda da deficiência da natalidade, que já está a assoberbar outros países de mais vastas proporções, o que constitui para todos os povos um perigo para a sua vida e prosperidade.
Neste concelho a diferença entre a natalidade de há vinte anos e a actual é considerável.
O homem é o único animal da Criação que atenta contra a vida dos filhos que deve ter consoante os preceitos da moral e da crença que diz professar.”
Nuno Espinal