Escrito por:
José Oliveira Alves
Era uma vez uma menina que cedo perdeu pai e mãe.
Foi criada com os avós.
Um dia, num baile, apareceu o seu príncipe. E bastou uma vez para que não mais se esquecessem um do outro.
Como a menina era ainda nova, os avós trataram de a proteger; mas o amor falou mais alto.
Casaram há mais de 60 anos ...
Tiveram quatro filhas.
Abandonaram a terra pobre onde viviam para poder educar as suas filhas e dar-lhes tudo o que pudessem.
A todas deram um curso superior.
Quando chegou a sua vez e por ordem de idade, as filhas foram casando e tiveram filhos - oito ao todo.
Vamos lá contar: casal patriarca(2)+4casais (8)+8netos = 18.
Porém, porque Deus chamou a si inesperadamente e contra a lógica da vida um dos genros, a Família sofreu um rude golpe, empobreceu e ficou reduzida a 17 pessoas.
Todavia, também os netos cresceram e quatro já casaram dos quais três já tiveram filhos (4 para já).
Vamos lá refazer as contas: 17+4 (maridos das netas)+4(bisnetos) = 25.
Os filhos são uma riqueza. Esta Família quer ser rica.
Assim é que se aguardam dois nascimentos, o da Inês e o da Mafalda, a Inês está mesmo a chegar e a Mafalda virá sábado da Aleluia para ainda provar as amêndoas.
O Casal Patriarca sentará, assim, à sua mesa 27 pessoas, mas há sempre lugar para mais um... ou uma ...
Apesar de cansados, sobre tudo pelo barulho e alguma confusão, ficam muito felizes, em particular, pelo Natal.
O Patriarca escolhe sempre e corta o pinheiro ajudado pelos netos e, agora, também pelos bisnetos e vive intensamente esta quadra.
O Pedro faz o Presépio e a árvore é enfeitada com os palpites e sugestões de todos, o musgo é apanhado pelos mais pequenos.
Invariavelmente, olhando a lareira com sonhos de menino não sonhados ou o comprimento da mesa, o Joaquim, do alto dos seus 87 anos, costuma dizer: "Ó Gena, lembras-te, éramos só nós os dois, olha agora !!!!"