Alguém dizia por graça que “filho de chamiço sabe assar castanhas”. A frase, a parodiar um velho provérbio popular, colhia um misto de saudade e reconhecimento.
É que quem, no magusto de Domingo, chamou a si tarefa de fazer crepitar as castanhas, por sinal bem nutridas, foi o Fernando das Neves, vulgo” chamiço”, que herda do pai uma mestria que muitos quiseram recordar. Era ele, o pai do Fernando, o assador de serviço nos magustos da terra. Honra pois seja prestada, infelizmente póstuma, ao Sr. Augusto das Neves.
O magusto, apesar do frio que a caruma em brasa se esforçava por apoucar, reuniu bastante povo, havendo até amigos forasteiros do Barril e de Avô.
A Flor do Alva, a organizadora da Festa, fez ouvir algumas das suas marchas e rapsódias, sob a direcção, como é habitual, do Professor Rui Quaresma.
Bolos lêvedos são elemento já imprescindível em festa que em Vila Cova se preze. E lá estavam a compor o ambiente a par de um bom tinto e de uma muito procurada jeropiga.
Talvez por isso houve quem, com a goela já tonificada, cantarolasse sem pejo, em toada de fado, a velhinha quadra que eu tanto ouvi nos tempos da minha Vila Cova de Outrora:
Quatro castanhas assadas
Quatro pingos de aguardente
Quatro beijos de uma moça
Fazem um rapaz contente
E logo um comentário: Olha hoje, um rapaz contentar-se com quatro beijos duma gaja...aquilo é que eram tempos de miséria!...
Texto: Nuno Espinal
Fotos: José Santos