Foi no século X que a Igreja Católica instituiu oficialmente o Dia de Finados e a partir do século XI, os papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) passaram a obrigar a comunidade católica a dedicar um dia aos mortos. No século XIII, esse dia passou a ser comemorado em 2 de Novembro, porque a 1 é a Festa de Todos os Santos.
Foram passando os tempos e a comemoração, sem perder o cunho religioso, ganhou rituais nos cemitérios, que se tornaram espaços de visita de todos aqueles que querem invocar os seus mortos e manifestar a saudade e recordação pelos seus entes queridos.
Foram passando os tempos e a comemoração, sem perder o cunho religioso, ganhou rituais nos cemitérios, que se tornaram espaços de visita de todos aqueles que querem invocar os seus mortos e manifestar a saudade e recordação pelos seus entes queridos.
Vila Cova não foge à regra e nesta data as campas do cemitério estão cobertas de flores e de centenas de luminárias, que a quilómetros de distância, na noite de hoje, de 1 para 2, são percebidas pelo clarão que desprendem.
Mantendo-se a tradição há um pormenor, contudo, que já se alterou. É que em Vila Cova mudando-se os padres, mudaram-se as vontades. No tempo do Padre Januário a missa de evocação dos finados era rezada na madrugada do dia 2, às quatro da manhã, quase sempre. Com o Padre Cintra é bem diferente, a missa passou a ser rezada a horas bem mais adequadas ao próprio tempo biológico. Amanhã, dia 2, por exemplo, será rezada às quatro horas, mas da tarde.
Entretanto, há um acontecimento que na data de 1 de Novembro é sempre recordado em Portugal. O terramoto de 1755, que destruiu grande parte de Lisboa e matou muitos milhares de pessoas. Outras localidades em quase todo o Portugal foram afectadas e em Vila Cova, ainda que numa dimensão em nada comparável, o sismo foi também sentido, como nos informa um depoimento do Padre Manuel Roque Gomes, que escreveu:
“…ter sido o grande abalo de terra acompanhado durante seis minutos, aproximadamente, dum rumor semelhante aos que fazem os trovões pequenos. A Igreja Matriz, apesar de ser um edifício moderno feito com toda a fortaleza, tremeu assustadoramente, tendo caído a coroa da imagem de Nossa Senhora da Piedade. E caíram também cinco bolas de pirâmides: uma delas só por milagre não matou um homem. Outra, com grande estrondo, veio a cair na sacristia, ficando sobre o caixão junto à imagem de Nossa Senhora do Rosário, que serve nas procissões, sem tocar na dita imagem.”
Nuno Espinal