In Jornal de Arganil
FERNANDA DIAS É MORDOMO- MOR DA CONFRARIA GASTRONÓMICA DO BUCHO
A Confraria Gastronómica do Bucho de Arganil vai festejar o seu primeiro aniversário no próximo dia 13 de Outubro. Conversámos com Fernanda Maria Figueiredo Dias, a Mordomo-Mor desta associação que tem demonstrado grande vitalidade.
Arganil foi a “terra de férias de Fernanda Dias até que, aos 13 anos, por motivos familiares, nela veio residir vinda de Lisboa”.
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Aos quinze anos imediatamente após a morte de seu pai, decide casar. Tem dois filhos e a sua vida ficou para sempre ligada a Arganil.
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Actualmente exerce funções na coordenação da formação do Centro de Emprego e Formação Profissional de Arganil e prepara a tese de Mestrado na área do Poder/Desenvolvimento Local e Políticas Locais.
Jornal de Arganil – Como surgiu a Confraria Gastronómica do Bucho de Arganil?
Fernanda Dias – A ideia partiu de um grupo de pessoas, liderado pelo professor José Dias Coimbra, que teve a ideia de criar uma confraria. Foi escolhido o bucho por ser um produto que se identifica com o Concelho. Como é sabido há várias localidades que o fabricam mas o único licenciado e que, por isso, pode ser comercializado é o de Vila Cova. Dado que é um produto endógeno de importância é preciso promovê-lo.
J.A. - A Confraria lidera o processo de licenciamento?
F.D. - Não. A Confraria ajuda do ponto de vista processual dando apoio e informação, para o que conta com outras entidades como seja a ADIBER. É o que se está a fazer neste momento com o Bucho de Folques.
Mas a Confraria está muito para lá do bucho. O que se está a passar é uma chama associativa, regionalista, que está a vir à tona. As pessoas têm sede de associativismo, principalmente os que vivem em Lisboa que vêm na Confraria uma tradição recuperada de associativismo que as liga às origens.
J.A. - Qual é o estatuto da Confraria Gastronómica do Bucho?
F.D. - Somos uma associação cultural incentivada pelo projecto “Revitalizar um Território Rural”. Temos estatutos e objectivos legalmente bem definidos. Cada confrrade paga jóia, quotas, o seu traje e as respectivas deslocações aos eventos. Apesar disso são muitos os interessados. No próximo dia 13 de Outubro vamos realizar o 2º Capítulo, no Casino do Estoril.
J.A. - Por que razão foi escolhido esse espaço?
F.D. - A escolha não foi arbitrária. O nosso objectivo é prestar uma singela homenagem aos empresários da área da restauração ligados a Arganil, que trabalham em Lisboa. Como é sabido foi muita a gente que partiu para a capital e que se afirmou nessa área. Já tivemos reuniões preliminares e vai decorrer outra no dia 8 na Casa da Comarca de Argan,il contando com a forte adesão de profissionais da restauração e similares radicados nesta cidade e com laços a Arganil. Por outro lado, o presidente do Conselho de Administração do Casino do Estoril e o presidente da Aresp estão ligados à região pelo nascimento, e ambos têm dado todo o apoio. Aliás, até ao momento, todos os confrades estão ligados ao Concelho.
Podemos orgulhar-nos de sermos uma jovem associação que, findo um ano, já tem trabalho feito.
J.A. - Que actividades decorreram durante este primeiro ano de existência?
F.D. - Já publicámos dois livros da autoria do confrade António Quaresma Ventura. O primeiro foi na altura do 1º Capítulo, a 14 de Outubro, que serviu para entronizar os primeiros confrades e consolidar a Associação; o segundo saiu na altura da comemoração do centenário da vinda de el-rei D. Carlos a Arganil. Essa foi uma acção temática que considerámos muito interessante até porque contou com a presença do representante da Casa Real, D. Duarte Pio de Bragança. Convém, no entanto, esclarecer que a Confraria não tem qualquer ligação à monarquia, como a não a tem com qualquer sistema ou opção política. A sua identificação é só com Arganil. Quisemos somente aproveitar um momento com cariz histórico, tendo em conta a nossa natureza de associação cultural.
Também temos participado noutras acções sempre que fomos solicitados, como foi o caso em Coja a convite do Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Eng. João Oliveira.
J.A. - O que significa ser Mordomo-Mor?
F.D. - Mordomo-Mor é o presidente da direcção e os restantes membros deste orgão são designados por Mordomos. Fui convidada por diversas pessoas que estavam a organizar a lista para os órgãos sociais e que me propuseram o cargo. Pensei bastante antes de decidir... aceitei em nome do associativismo até porque sempre o vivi de perto, o meu pai foi um dos fundadores da Casa da Comarca de Arganil. Ainda hoje me emociono quando entro naquele espaço.
Quanto ao futuro Fernanda Dias não quis adiantar. Com dois anos de mandato pela frente para já as suas energias estão concentradas no evento de 13 de Outubro porque não gosta de passos mal dados e aceita cada desafio como único. Encara a vida como um projecto em constante mutação, com desafios que vão surgindo e que são colocados no seu caminho, como imperativos do destino.
Por: Maria da Conceição de Oliveira