As obras da Fonte dos Passarinhos prosseguem e aparentam uma estrutura base que promete a sustentabilidade mínima para impedir as habituais destruições, em resultado de chuvadas fortes que, de quando em quando, ocorrem.
A Fonte dos Passarinhos, para além de ser um lugar gracioso, de onde se avista uma extraordinária paisagem, oferece uma água de grande leveza e, ao que dizem, de boa eficácia digestiva.
Destes predicados vamos em breve, por certo, poder usufruir.
Mas, de todos os fontanários existentes em Vila Cova, e dos quais, um a um, irei dar apontamentos em próximas edições do Miradouro, a “Fonte dos Amores” exalta-me recordações especiais, ligadas aos meus tempos de juventude.
A Fonte dos Amores? Em Vila Cova? – perguntarão muitos leitores.
Sim amigos, em Vila Cova.
Os acessos só se cumpriam de barco. Subindo o rio, do Salgueiral em direcção ao Porto de Avô, naqueles pitorescos barcos a remo de então, em lugar escondido e de pequena reentrância à zona das Fontaínhas, atingíamos a tão almejada Fonte dos Amores.
Almejada, digo bem. Não tanto pelas qualidades do pequeno fio de água que lhe jorrava, vindo sabe-se lá de onde. Mas, o local da fonte, recôndito e íntimo, era bem bonançoso, e para mais seguro, a muito apaixonados ais e suspiros de amor.
Éramos jovens, sangue a ferver. E corria entre nós uma crença. Parzinho que daquela água bebesse ficava para sempre preso ás setas do cupido.
Muitas goladas bebi, confesso. Ano a ano em paixonetas várias. Mas efeito, o da profecia, não me fez nunca a água. Nem a mim nem aos outros.
Ah, a não ser o de uma grande saudade…
Nuno Espinal