Em tempos, há uns cinquenta anos para aí, recordo um tal “americano”, dando função a uma gaita de beiços e pondo o pessoal em rodopio, em mexidas danças, à moda das modinhas de então.
Uma fogueira de rosmaninho perfumava os ares e perfumava as águas, que ainda hoje teimam em tombar, no velho chafariz de S. Sebastião.
As raparigas novas saltavam a fogueira, a exorcizar adversidades à conquista de um namorado, e eu, nos meus muito reduzidos anos, aguardava algumas tréguas das labaredas, e lá transpunha, envolto em fumos, as pouco mais que minguas brasas, num mero exorcismo ao medo.
Eram assim as noites de Santo António, em cenas distribuídas por outros recantos da aldeia, como o Adro, a Praça ou mesmo as Tílias, com outros tocadores e tocatas, como o Sr. Augusto (o Augustito, como lhe chamavam) no seu bem sonante e afinado saxofone.
Muitos anos são passados, mas a devoção e crença ao Santo permanecem. E, globalização em força, lá se mudaram hábitos. Veio a sardinhada à moda de Lisboa.
Ontem,
Nuno Espinal