Alguém, que nos contactou e pretende anonimato, assumiu-se algo desapontado pela passividade com que o povo de Vila Cova reagiu, perante a atitude do Executivo da Câmara, quando este desviou a "verba" inicialmente prevista para Vila Cova. (Vidé artigo "Ainda está atravessada").
E lançava interrogações, não dissimulando algum espanto: O pessoal não se mexeu? Não manifestou uma atitude de desagrado? E, em final de discurso, um contundente e censurador remate: "Se os de 1834, os que defenderam o sino, cá estivessem..."
A surpresa e muito cansaço tolheram-nos a resposta e o diálogo sugerido. Disso nos penitenciámos. Mas já refeitos, e conforme lhe prometemos, eis-nos, agora, a comentar:
O contexto da "estória" de 1834 mal o conhecemos. O que nos chegou foi a essência do acontecimento, aquilo que o narrador releva como essencial no acontecimento, tal como quis que o conhecêssemos. Ou seja, um povo herói, gente de raça. O ambiente social de então era bem diferente. Uma economia de sustentabilidade agrícola fechada, ensimesmada. Um por todos e todos por uma causa, seria o lema. Os detentores de poder não teriam grandes dificuldades em motivar e arrebanhar, em prol de interesses colectivos, toda a comunidade.
Quão diferente é esta Vila Cova de hoje. População idosa (ou muito idosa) com um peso demográfico avassalador. População cada vez mais reduzida e com maniesta tendência para a diminuição. Agricultura abandonada e fontes de sustento no exterior. Direitos individuais a prevalecer sobre os interesses colectivos, facilitação das comunicações em áreas cada vez mais vastas, alargamento das superfícies de contacto entre os indivíduos. Um sociedade aberta, sem o sentido colectivo de então.
Nestas circunstâncias...
Texto: N.E. Foto: N.E.