Não deixou de me intrigar que na Procissão comemorativa de Nossa Senhora da Natividade fosse o andor de Nossa Senhora do Encontro a integrar o cortejo. Compreendo que a imagem da Senhora da Natividade, que se encontra na Igreja Matriz, a sobrelevar o altar, pelo seu tamanho e peso é incomportável de ser transportada em Procissão. Mas, sendo a Natividade uma associação à Vida que sentido faria a presença de um andor da Senhora do Encontro, que está associada à Paixão e Morte de Cristo?
Foi-me, entretanto, dada a explicação: é que, antes da chegada do Padre Cintra, foi o Padre António, da Moura da Serra, que, em Vila Cova, passou a oficiar as cerimónias religiosas. Confrontado, num 8 de Setembro, com a impossibilidade de a imagem da Senhora da Natividade ser incorporada na Procissão, decidiu o Padre António solucionar essa falta com uma outra imagem de Nossa Senhora, independentemente da invocação que fizesse. Alguém sugeriu a Senhora do Encontro. Que seja, terá dito o Padre António. É sempre Nossa Senhora, acrescentou. E assim passou a ser…
Sabemos que, entretanto, alguém se dispôs financiar a aquisição, para a Igreja de Vila Cova, de uma Nossa Senhora que invoque a Natividade e seja adequada ao transporte em andor. E assim sendo, a imagem da Senhora associada à Paixão e Morte de Cristo deixará de ser transportada na Procissão que consagra a Senhora da Natividade, ou seja a Vida. Cairá, assim, o pano sobre esta contradição.
Mas para a história de Vila Cova ficará para sempre esta, ainda que breve, peculiaridade.
Nuno Espinal