Olá Nuno,
Não resisti a comentar o sono do teu gato no apontamento de sexta-feira passada que intitulaste muito apropriadamente "Fluir do tempo", e que me tocou especialmente. Foste capaz de transmitir, de uma forma muito bonita, aquela sensação de tranquilidade que a vida nos ensina a perceber nas pequenas coisas mais insuspeitas. Acho mesmo que são os anos, o fluir do tempo, que trazem até nós este sentir e esta compreensão. Talvez como compensação pelo que nos tira de excitação. Mas é tão reconfortante esta serenidade, este "está-se bem minimalista" que nos chega não sei bem de onde mas que sem dúvida nos faz cada vez mais saborear cada instante de forma plena. Beber o cálice até à última gota. E percebemos tão bem o David Mourão-Ferreira quando diz que a felicidade não existe mas há momentos em que ela acontece. São momentos perfeitos que salpicam a imperfeição das nossas vidas e nos dão alento para vivermos na sua procura incessante mas não ansiosa. Porque o que eu acho que aprendemos também é a sermos pacientes, com a certeza, porém, de que quando menos esperamos, somos surpreendidos. Por alguém, por uma imagem, por uma música, por uma cor, por uma paisagem, por um cheiro, por... E, nesse instante, tudo faz sentido. Obrigada. E um presente para ti na forma de um pensamento de que gosto muito:
“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Saint-Exupéry
Abraço
Isabel Madeira