Febras de porco, vinho, cerveja, convívio e confraternização sem limites. Distribuídos em pequenos grupos, animavam-se em conversas, risadas e tocares das concertinas, que reforçavam o tom popular da festa. Aí estava em pleno “a minha gente”. Os mais da “pesada” lá traziam à fala memórias de outros tempos. E porque era 25 de Abril o “Manuel do Raro” verberava, em tom apaixonado e a honrar o dia, o execrável “antes”, “o antes do 25”, “ tempos de miséria e difíceis”, acrescentava um outro”. “Aquilo era mesmo trabalhar no duro em troca de quase nada”, havia quem dissesse.
Trabalhava-se para este… trabalhava-se para aquele… e houve quem recordasse o Sr. Bernardo de Figueiredo, da Casa do Convento.
O Sr. Figueiredo? Até nem era má pessoa, concordavam todos. Homem cordato, de palavra, respeitava o trabalhador. E até gostava de ensinar a malta…era um homem culto, asseverava um dos da cavaqueira.
E logo o Manel encasou esta história:
Um dia o Sr. Figueiredo, aproveitou um grupo de homens dos que numa das suas fazendas trabalhavam e atestou-os com esta pergunta. “Sabem que a Terra anda?”
E de imediato o “Mete Mete” atalhou, na sua inconfundível gaguez. “Que…que…a Té…Terra an…anda? Ai anda, anda…que…que…qu…quando eu…eu a lé…levo às costas an…anda mesmo.
Nuno Espinal